Nome próprio

Ninguém vive a paixão impunemente. A intensidade é uma doença contagiosa, e eu não concebo a vida sem contágios.

Sei sobre a dor da solidão, da falta de ar e da perda de chão.

Os dias passam e meu corpo apodrece. Corpos apodrecem. Por isso nada sou senão palavras.

Quando escrevo, me afirmo. Quando falo, ganho sentido. Quando penso, ganho corpo. Meu corpo é letra e linha. Meu corpo palavra (...)

Hoje vou procurar a palavra que se perdeu, que escapuliu entre meus dedos, que escorreu por minhas mãos.

Eu hoje vou ficar aqui quieta, enquanto parágrafos inteiros se fixam na tela.

Alguns fogem e eu deixo que fujam, porque sei que posso recuperá-los, melhores, adiante.

Não me desespero mais. Encontrei o leito por onde escoar o meu excesso.

Algumas vezes quebram minhas pernas, chutam minha cara e pisam nos meus dedos. Eu sobrevivo, tenho sobrevivido.

Eu sou marcada, sim, mas faço valer cada uma das minhas cicatrizes.

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